Querido Karma,
Escrevo-te hoje para te pedir que tenhas em consideração todas as coisas que faço, e fiz, bem. Mesmo aquelas que nem dei conta.
Pondera, com carinho e atenção redobrada, se a forma como me tens tratado é justa. Sim, eu sei que nem sempre sou uma boa pessoa, mas tento. Às vezes, tento, sim. Não tentei hoje de manhã quando fingi estar distraída, nem tentei ontem enquanto praguejava porque não me deixavam dormir, nem há bocado quando me pediram pela enésima vez uma coisa "com medo que me esquecesse", nem à hora de almoço quando comentei umas calças castanhas (aquilo eram collants e só se devia usar por baixo de qualquer coisa mas enfim... cada um é como cada qual e eu só tenho que enfiar a viola no saco) mas eu vou tentando. A culpa não é só minha, eu vivo rodeada de... chamemos-lhes anémonas, que despertam este meu lado rebelde, tens que perceber...
Não podes usar artilharia pesada logo no princípio do ano, isso é coisa para mandar abaixo toda a moral que nesta altura se sente.
Vamos fazer um acordo, sim? Chamemos-lhe um período de carência. Ficas só numa de observar e depois acertamos agulhas. Que tal um mesito? Hum? É muito? Pronto, quinze dias. Sempre dá para folgar as costas.
Muito agradecida.
Já agora...