Deve ser para isto que serve a noite
Às vezes, mas só às vezes, gostava de poder parar o mundo, parar a minha vida, meter tudo em modo pause só para eu poder parar um bocadinho e assimilar tudo. Com tempo. À minha velocidade. Em silêncio e sem ruído de fundo. Com toda a disponibilidade para arrumar os assuntos em caixas, separados, com devidas etiquetas e com plano de ação ou estratégia definidos. Às vezes, tudo parece a gota de água que vai fazer transbordar o copo e sinto-me ali, na vertigem, no fio da navalha, como se tudo dependesse de mim, da minha capacidade de resposta, da minha capacidade de resposta. Ser mãe é um pouco assim, eu acho. Ser engolida pelas responsabilidades, pelo medo de falhar e ter a sensação permanente de não saber o que se anda a fazer. E como não sei o que ando a fazer, não sei se estou certa e continuo ou se estou errada e mudo o rumo...
Mas é tudo a trick of the mind, nem estou no fio da navalha, nem tenho que decidir toda uma vida num só dia, o de hoje. O caminho faz-se caminhando e eu estou tão preocupada com a chegada que nem vejo a paisagem.