Das expectativas
As expectativas são como as ervas e canas que crescem fartas na berma das estradas. De vez em quando, antes de chegar o calor e os incêndios, corta-se o mato, limpam-se as ervas e a paisagem até mais bonita, vê-se melhor. Assim somos nós, de vez em quando, a vida mostra-se como é, levamos um abanão e valorizamos o que temos e não invejamos a galinha alheia mas, depois, à medida que o tempo passa, as ervas crescem devagarinho e toldam novamente a visão. Como nós, que deixamos as expectativas virem de mansinho até obstruírem a visão do que já temos, do que já foi conquistado.
Parece-me que nunca se teve tanto como temos hoje, com tudo aquilo que temos à disposição e que damos como garantido, e que nunca fomos tão insatisfeitos, ou mesmo infelizes.