Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Rir e Comer Bolachas

Eu sou uma pessoa espectacular

Sou inteligente, tenho um excelente sentido de humor, sou culta, descontraída, compreensiva, raramente sou dura com alguém (a não ser comigo mesma), sou leal, fiel, honesta, justa. Sou rigorosa, exigente e perfeccionista, ao mesmo tempo que conheço os meus limites e tenho sensibilidade e bom senso suficiente para reconhecer quando devo deixar certos papéis para quem os desempenhará melhor que eu. Sou generosa, bondosa, ocasionalmente altruísta, tenho um bom coração onde cabe muita gente e sou genuinamente boa pessoa. Mas também sou gorda. E é uma merda que seja só isso que as pessoas vêem.

 

 

 

Família é:

 

 

Hoje relembrei a importância de termos sempre por perto aqueles nos amam. Mesmo quando, e principalmente quando, mais os queremos afastar. Porque estamos tristes, porque não sabemos o que fazer, porque achamos que sabemos, porque nos queremos sentir capazes ou independentes, ou porque já não sabemos nada, inclusivamente se os queremos ouvir.

 

Hoje o desespero de estar na reta final do 1º semestre do mestrado foi tanto que esqueci por completo porque é que o decidi fazer sequer. Disse que queria desistir e que nem sequer havia propósito para continuar. Disparatei com "eu nem sequer quero dar aulas!!". Tem um fundo de verdade mas está longe de a ser. Mas talvez isto seja tema para outras núpcias - para umas em que eu não tenha 5 trabalhos finais de cadeira para fazer em 8 dias.

 

E foi quando o meu namorado disse no tom mais doce que lhe conheço e, provavelmente, que conheço de qualquer ser humano "é para criarmos a nossa escola, lembras-te?". O desespero era tanto que eu, na minha imaturidade e birra de criança farta de jogar a este jogo, respondi com um grunhido e algo muito muito bruto como "então faz tu o mestrado!".

 

(não, não foi bonito...) (mas não se preocupem, porque quem me conhece sabe que isto até uma resposta normal para um estado de stress)

 

Apesar de não ter respondido nada bem naquele momento e de me sentir absolutamente perdida e desesperada, foi tão importante que tivesse acontecido. Tinha a minha tia, Trocatintas, incrédula a olhar para mim por vezes dizendo e por vezes pensando "isso não é nada teu, Cisne!!" - o que me lembrava que de facto aquela não era eu; tinha o meu namorado com um olhar compreensivo de quem diz "eu sei que é difícil mas vou deixar-te estar, pois não tenho a menor dúvida de que conseguirás fazer tudo aquilo de que tens medo"; e tinha a minha mãe, Bolacha Maria (que também está no meio dos tubarões no ensino superior), a olhar para mim a tentar perceber o que dizer pois sabia exactamente o que eu estava a sentir - o que se pode querer mais que alguém nos compreender totalmente?

 

E portanto hoje vou para a cama com mais um trabalho feito (graças a eles três e à força que tenho a certeza que não sabem que me deram) e com a certeza de que posso ter os esgotamentos nervosos que quiser, mas que esta família aguenta tudo e principalmente, aguenta uns aos outros.

 

Espero um dia poder fazer uma peça de dança sobre família. Uma peça bonita, com que as pessoas se identifiquem...e que tenha muitos finais felizes apesar de tudo, como a minha tem :)

 

Cisne