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Rir e Comer Bolachas

Isto não é um post sobre sexo

Estão a ver aquele desconforto quando imaginamos a vida sexual dos nossos pais? Sim, blhéca. Agora imaginem a dos vossos filhos. Adolescentes e cheios de borbulhas hormonas, a viver aquilo que julgam ser o amor das suas vidas. Agora imaginem isto no Instagram.

Bendita ferramenta que não permite aos pais visualizaram tal coisa.

Sim, eu sei que eles fazem sexo, que é natural, que mais vale assim do que nas traseiras de um carro no meio de qualquer mata, que faz parte. Eu posso até não concordar e, ainda assim aceitar, porque não existe grande alternativa e proibir só revela pouca inteligência da minha parte, MAS continua a ser de um mau gosto atroz. Não me importo nada de ser quadrada, antiquada, cota, do século passado, eu não gosto de ver fotos lânguidas, em que se vê lingua até à garganta. Manias minhas, eu sei. Entretanto, lembrei-me agora que é preferível isto dar-se na adolescência do que na idade adulta como também já vi. 

Mas, e agora, como é que eu desvejo o que já vi?

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Da insatisfação

- Então como foram as férias??
- Ah, já acabou...

 

Quem nunca teve este interacção? Só hoje, já a tive duas vezes e tira-me do sério. Em primeiro lugar, porque eu não perguntei se já acabaram, é óbvio que já acabaram ou a pessoa não estaria no seu local de trabalho. Depois, e mais importante, porque demonstra a característica mais portuguesa que se pode ter: uma completa insatisfação com tudo.

 

Acredito que lá para o século XV ou XVI esta insatisfação nos tenha levado a fazer grandes coisas porque só a insatisfação com a situação actual nos pode levar a procurar mais e melhor e a mudar as coisas. Mas com o passar do tempo e a evolução (retrocesso?) desta espécie que é o Homo Sapiens Tugensis essa insatifação foi-se transformando numa simples lamúria que não leva a lado nenhum e irrita profundamente as pessoas com quem é compartilhada.

 

Assim, oh gente da minha terra, venho por este meio apelar ao vosso bom senso para vos pedir duas coisas:

 

1. Se estão mal, mudem-se. Façam qualquer coisa em vez de se queixarem permanentemente de tudo e de nada.
2. Quando vão de férias, aproveitem-nas. E quando voltarem, olhem para trás com nostalgia, até saudade se assim vos aprouver, mas não com irritação porque acabaram. Vocês já sabiam que iam acabar. Não as torna menos proveitosas ou valiosas. Portanto se vos perguntarem como foram, digam que foram boas (ou más, se por acaso estavam na praia e foram atingidos por um tsunami ou assim) em vez de constatarem com aquela cara de gato morto à estalada que já acabaram, que isso já toda a gente sabe, sim?

 

Pronto, agora vou seguir o meu próprio conselho e não ficar insatisfeita com a parvoíce dos outros.

 

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Da inveja

Esta semana tive um episódio de inveja pura e dura. Nada daquilo a que vulgarmente chamamos inveja da boa (que desconheço o que seja), uma coisa em grande e em mau. Inveja é inveja. 

Inveja é uma coisa feia, é aquele tipo de coisa que disfarçamos e fingimos que não temos, que somos superiores a isso. Nunca numa entrevista, quando perguntam um defeito que temos, alguém disse que era invejoso. No entanto, é tão comum que até em publicidade é utilizado. 

Desde o episódio que ando em negociações comigo. Digo-me que nem tudo é o que parece, que as redes sociais espalham enganos e nunca conhecemos a realidade toda, só um instante e, possivelmente, muito filtrado. Digo-me que já conquistei muito, que deveria estar orgulhosa de mim mesma, já me disse que cada um tem a sua luta, e nem todos temos os mesmos desafios pela frente. Já me disse que tenho uma vida perfeita e que tenho que a aproveitar. Mas inveja é inveja, e é difícil engolir quando vejo outro conseguir aquilo que eu queria tanto.

A diferença entre nós é que houve alguém que se esforçou por isso (ou não) e eu não, dispersei-me em tantos outros objetivos e perdi-me no caminho. Não há, por isso, negociações em jeito de palmadinhas nas costas que me valham. É esperar que seja como a azia, que me passe rapidamente, e sem danos de maior.

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Só que não

Descobri em terapia que tenho muitas cenas para resolver. Lembro-me de um exemplo que ele deu logo no início. Disse ele que, à medida que íamos avançando, as coisas iriam parecer piores - era como acender a luz num quarto desarrumado. Sabíamos que estava mauzito mas a escuridão ajudava a parecer melhor. E para arrumar e limpar tudo, tínhamos muito para desarrumar.

Sei agora que tenho coisas a perdoar. Coisas que não soube arrumar, coisas que deixei ficar no escuro, à espera que se desfizessem sozinhas. Não é assim que funciona. Ao contrário do que seria de esperar, estas coisas quando não são olhadas de frente, e resolvidas, alimentam-se das nossas entranhas e crescem, e crescem. Custa-me muito perdoar. Custa-me muito mais perdoar-me. 

De todas as pessoas que precisei de perdoar, a única que não consigo sou eu mesma. Digo que sim, que me perdoo, e que os meus erros e tropeços fazem de mim quem sou hoje, e gosto de quem sou hoje. Mas é mentira. Sim, eu gosto de partes de mim, gosto muito, mas tenho outras difíceis de digerir. Que me atrasam a vida, que me puxam para trás, que me tiram o sossego, que me mentem e dizem que não consigo fazer melhor porque sempre fiz assim, e sempre farei. Porque é mais fácil acreditar no que temos de pior do que o contrário.

Diz a terapia que aquilo a fazer é apenas e só aceitar. Aceitar-me. E amar-me assim. Fácil, não é?

Só que não.

Então e porque é que não escreves no blog?

Porque sou uma má gestora de recursos e de tempo, e como tal, não tenho tempo para nada.

Porque ando preocupada com mil e uma coisas e não tenho paciência para ligar o pc em casa.

Porque o início de ano letivo é coisa para me deixar os nervos em frangalhos com a despesa e a logística que isso implica.

Porque este setembro está a ser um mês de decisões e mais decisões. E eu sou péssima com decisões.

Porque a vida também é isto: querer ser multifacetada e os dias terem apenas 24h (felizmente).