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Rir e Comer Bolachas

Qual é a coisa, qual é ela?

Que ora me deixa os nervos em franja, ora me deixa comovida de lágrima ao canto do olho?

Que me faz duvidar da minha capacidade de educar um ser humano?

Que me faz querer ter uma força de vontade igual e ilusões ou sonhos de todos tipos, tamanhos e feitios?

Que traz certeza absolutas, tão absolutas que conseguem fazer desaparecer o senso comum e toda a aexperiência do mundo?

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É a adolescência.

Há um ditado que diz "Se o velho pudesse e o novo quisesse, não havia nada que não se fizesse" mas eu inventei um novo "Se o adolescente pudesse não havia nada que não fizesse".

Das coisas que mudam

Há opiniões que tinha e que já não tenho, é  mesmo assim, vamos crescendo e vivendo e as opiniões mudam. Geralmente, porque mudamos de perspectiva. Mas há outras que mantenho, não sei se para a vida toda ou se a vida ainda tem alguma coisa para me ensinar nesses assuntos, um deles a amizade.

Nas férias perguntaram-me quem era a minha melhor amiga e eu fiquei sem saber a resposta. A verdade é que é a minha irmã mas nunca tinha pensado nisso porque ela acumula funções. Sempre pensei na melhor amiga como alguém fora do núcleo familiar, e em tempos, foi de facto. Mas hoje não há ninguém em quem confie, ou que me mereça esse cargo, que é demasiado importante, porque sou picuínhas. Há vários níveis de amizade: há os colegas, os conhecidos, amigos de escola, amigos e melhores amigos. Estas duas últimas categorias têm vindo a estreitar, quase proporcionalmente à minha idade a aumentar. 

Funciono com a amizade como numa relação: é preciso alimentar. Não basta aparecer uma vez por ano ou quando é conveniente. Não basta ver o feed no Facebook e achar que acompanha a minha vida. Não basta ligar no aniversário e Natal. Não basta sequer viver de memórias do que a amizade já foi. 

Às vezes, penso que devo mudar isto. Devo exigir menos. Depois passa-me, porque eu não mereço menos do que isto. Não mereço menos do que dou. E isto foi a vida que me ensinou.

Como é que sabes que estás a envelhecer?

Quando vais ver Missão Impossível - Fallout e em vez de babares a ver o Tom Cruise (ou o Henry Cavill, que é uma bela amostra da espécie), babas a ver as ruas de Paris.

Em Setembro do anos passado fiz uma viagem através da Waynabox (pagamos voo e estadia e não sabemos ao destino até 48h antes do voo) e Paris encabeçava a lista das cidades que não queria conhecer. Não sei porquê mas não me dizia nada, achava que era sobrevalorizada, que não era assim aquela coisa. Talvez por ir com as expectativas tão baixas, tudo me pareceu maravilhoso e fui completamente arrebatada pela cidade, pelos monumentos, pelas ruas, pela atmosfera à beira do Sena. 

 

 

 

Bumpy road ahead

Às vezes, faço balanços na minha cabeça. Como se a minha vida fosse uma linha contínua e fosse identificando o que me aconteceu aqui e ali, como era e onde estou.

Às vezes, e só às vezes, dou graças pelo percurso porque é a ele que devo a pessoa que sou hoje. Também às vezes, e só às vezes, tenho vontade de me queixar a uma entidade superiora; o que é esta merda de me deixar passar por coisas que não merecia? Sim, senhora, gostei muito até aqui mas agora é deixarem-me da mão e ir ensinar outra. Devia haver um sindicato para isto. Há quem acredite que existe, que é uma espécie de banco do Karma e, quando lá chegarmos, fazemos o saldo e acertamos contas. Espero que saibam que, da minha perspetiva, eu tenho saldo a haver. Porque há dias assim. Há dias em que acho que mereço mais, que a minha vida devia ser diferente, que já devia estar em velocidade cruzeiro, com tudo alinhavado e sem grandes ondas, só a desfrutar, a viver dos rendimentos (de ter sido boa pessoa a vida toda). Quem sabe até viver na pasmaceira e queixar-me de rotinas, da vidinha todos os dias igual. 

Só que não. A existir uma força superior que planeou a minha vida e os meus desafios, tem um sentido de humor do caraças, com laivos de sarcasmo.

 

 

Insónias

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São 4h30 da manhã e não tenho sono. Nada. Estou na cama desde a meia-noite, levantei-me as 2h30 e já vi um filme. Voltei a deitar-me e nada. A noite passada foi semelhante mas consegui adormecer, hoje vou fazer direta...

A cama está desconfortável, tão depressa tenho frio como tenho calor e até os lençóis me irritam. Estou em privação de sono, podendo dormir. 

Daqui a pouco são horas de trabalhar, e logo de seguida, uma viagem de duas horas ate um sítio catita para descansar. Acho que vou aproveitar bastante a cama mas duvido que aproveite a paisagem.

Das decisões

Não sou boa a tomar decisões. Nunca fui e evito sempre que posso. Seja para decidir qual o próximo passo na minha carreira ou o que vou comer ao jantar, é sempre a mesma coisa. Ao ponto de, sempre que possível, recorrer ao random.org para tomar decisões por mim. É bonito pensar que é porque assim deixo tudo por conta do Universo, mas a verdade é que simplesmente porque eu não consigo decidir. Não quero ocupar a minha cabeça com coisas desnecessárias e poupo-a sempre que possível. Mas isso significa que quando tenho mesmo de tomar uma decisão estou ainda menos preparada para o fazer e não há listas de prós e contras ou respirar fundo e fechar os olhos que me valham. Até a Magic Eight Balls online recorro. E acontece sempre o mesmo: estes mecanismos fornecem uma resposta e eu questiono-a. Mas também fico sempre insatisfeita com a outra opção.

 

Partilhei isto com o meu psicólogo e disse-lhe que se estava tornar um problema mais recorrente e mais difícil de contornar e ele disse-me (por outras palavras, que ele é pessoa para ter amor à vida e saber que há coisas que não convém dizer-me) que eu era tão teimosa que insistia em escolher sempre entre A e B em vez de procurar C. Ou D. Ou E ou tantas quantas forem necessárias. E eu achava que não era assim mas apercebi-me que sou.

 

Estava há séculos a debater-me com o dilema de ir ou não a uma discoteca com os meus amigos. Eu odeio discotecas, odeio sair à noite, odeio multidões no geral. Digo que já não tenho idade para isso aos 28 anos embora também já o tenha dito aos 20. Mas é o aniversário da minha melhor amiga, o grupo é o meu grupo de amigos mais próximo e também não queria excluir-me dos festejos. E então a minha cabeça era todo um loop de "vou, não vou, vou, não vou" que é coisa para enlouquecer uma pessoa. Decidi ir, mas com o meu carrinho atrás para poder ter a liberdade de abandonar quando me sentir desconfortável.

 

Depois foi porque tinha decidido fazer uma tatuagem e já estava marcada mas estava muito preocupada com o dinheiro que ia gastar e se me ia trazer problemas por ficar visível e porque tinha de ouvir o meu pai ralhar apesar de ser uma mulher feita, etc. Foi preciso decidir cancelar a marcação e dormir sobre o assunto para acordar e perceber que não era isso que eu queria e depois ter de passar pela vergonha de fazer o número da maluca a contactar o tatuador a dizer que afinal sempre quero avançar.

 

A moral da história é que as decisões acabam por ser tomadas mas a ferros e (quase) sempre com base em tudo menos aquilo que eu quero, portanto volto sempre à velha de questão: onde é que está a linha entre egoísmo e auto-valorização? Está tão sumidinha que mal a vejo...

 

Enfim... Se houver por aí boas sugestões sobre como tomar decisões equilibradas sem ter de tomar a decisão errada primeiro, sou toda ouvidos.

 

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(Tentar) Namorar depois de um divórcio

É uma loucura, não é?

Quere-se dizer, é que já há toda uma bagagem para trás. Já não temos a frescura dos 20's, nem a coragem, nem a confiança tonta de que o amor pode tudo, principalmente o nosso, que toda a gente sabe, é diferente dos outros todos. Temos medos, cicatrizes, manias, vícios, toda uma panóplia de maleitas que a idade e más experiências trazem. E filhos. Que são a nossa vida toda, e ainda bem, mas que requerem muito jogo de cintura e atenção. Se normalmente já nos sentimos um malabarista com bolas no ar a tentar equilibrar tudo, basta imaginar um novo relacionamento e é toda outra ginástica a juntar à equação.

Começa logo pela decisão de voltar ao "mercado", é despertar o nosso lado bipolar- ora tão depressa queremos como já não queremos, porque só nos aparece gente doida e não estamos deseperadas. Arriscamos, então, os amigos dos amigos (que é como quem mete o pézinho dentro de água para verificar a temperatura antes de mergulhar) mas, regra geral, já os conhecemos todos e "têm bicho". Conhecemos relações anteriores, ou já ouvimos as histórias cabeludas, e respetivas queixas, ou ainda nos lembramos deles durante a adolescência, ou não lhes achamos gracinha nenhuma, até porque se achássemos já não eram amigos de amigos mas outra coisa qualquer, tipo ex. O passo seguinte é o Tinder, ou qualquer outra aplicação que permita ver quem anda por aí sem sair do conforto do nosso sofá. Ou, quem sabe, da sanita. Sim, há gente que o faz na sanita. O Tinder, à semelhança do Facebook, tem a (des)vantagem de, por trás da segurança da distância e ausência de confronto físico, deixar vir à tona o verdadeira carácter das pessoas. Para o bem e para o mal. Se aos 20 o pessoal tem pressa porque tem as hormonas aos pulos, aos 40 já não há pachorra e quer-se tudo para ontem. Se é para fazer, faz-se, que não há cá tempo a perder.

Até porque a oferta é muita e, se não gostamos de qualquer coisinha, passa a outro e não ao mesmo, não há cá medos de ficar encalhado.

 

(To be continued)

Do medo

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 Medo. Medo, medo e mais medo. Não fui sempre assim mas, nos últimos anos, tenho encontrado várias camadas de medos. Tiro uma e encontro outra logo a seguir, mais densa e mais escura ainda. Tenho medo por mim, pelos meus, pelos outros. Tenho medo do que não controlo ou não posso prever (que é absolutamente tudo). Posso até dizer que tenho medo de sentir.Apesar do medo, ultimamente, tenho fingido que não tenho e vou com medo mesmo. Fake it 'till you make it.

É cedo para balanços, ainda não sei se vou conseguir uns esbardalhanços épicos mas uma coisa é certa: tenho feito o que não faria. O que me leva a perguntar, o quer teria eu feito da minha vida se não tivesse tido tantos medos? Não é que me arrependa do que fiz ou não fiz, nada disso, é só curiosidade.

Humanos Anónimos

Ontem estava a ver um episódio da série Mom e a pensar para comigo "Uau, deve ser muito bom ter um grupo de pessoas (re)unidas exclusivamente para partilhar as suas frustrações, problemas, dúvidas, infortúnios (muitos dos quais são semelhantes e, como tal, compreensíveis entre os outros) e também as facilidades, vitórias, progressos.". E depois pensei "Uau, quão lixada devo eu ser para sair a perder de uma comparação com alcoólicos?". E depois pensei que os alcoólicos não são mais do que pessoas que cometeram erros. E não somos todos? Com uma diferença: eles estão a fazer reparações. 

 

Se todos nós trabalhássemos os nossos problemas da mesma forma, acredito que todos seríamos pessoas mais estáveis, equilibradas e felizes. 

 

Se calhar devia existir um grupo de Humanos Anónimos, aberto a qualquer pessoa que queira trabalhar em si própria e seja corajosa o suficiente para perceber e reconhecer que não o pode fazer sozinha. Um espaço seguro para todos, independentemente de qual fosse aquilo em que quisessem trabalhar. Porque todos temos alguma coisa. 

 

Alguém interessado?

 

 

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