Da condução das pessoas em geral (e de uma em particular)
A minha irmã é uma leide. Tem pose, tem classe, gosta de coisas refinadas e tem um ar de diva dos anos 50. Costumamos dizer que tem berço, a gaja. Nunca anda despenteada, ou amarrotada, ou de sapatos rasos. Usa ténis na loucura e, há poucos dias, usou umas calças rotas nos joelhos e toda a gente estranhou, tal é a elegância da diva, perdão, da mulher. Mas este ser polido e cheio de nove-horas-ao-meio-dia transforma-se quando conduz. Há todo um camionista (sem ofensa para a classe) que se liberta, qual ser possuído, quando alguém a provoca na estrada, seja em ultrapassagens mal feitas, buzinadelas sem nexo, ou faltas de respeito em geral. A mulher fica transtornada, gesticula, diz palavrões, chama nomes e pode até dar-se o caso de haver uma perseguição com o carro. Depois baixa a calma nela e volta a ser uma senhora. Nos dias bons até é capaz de rir com a figura que acabou de fazer.
Somos um povo tão agressivo a conduzir e tão pacato na vida em geral.