Comecei a pensar porque é que para qualquer lado para onde me vire há pessoas a falar em depressão e ansiedade como se fossem tão comuns como constipações quando há uns anos atrás era coisa rara e nunca vista. Sempre pensei que fosse porque sempre houve pessoas deprimidas mas havia (e ainda há) um grande tabu à volta de se discutir o assunto e portanto ninguém o admitia. Mas ontem apercebi-me que talvez não exista apenas um maior número de pessoas a falar no assunto mas sim um aumento efectivo de pessoas que lidam com a doença (porque sim, é uma doença). E acho que isso tem muito a ver com o facto de que há uns anos atrás (60, 70, 100) o universo de cada pessoa não continha mais que talvez 100 ou 200 pessoas no máximo. Hoje o nosso universo é composto por milhares de milhões, quer as conheçamos pessoalmente ou não. Comparamos constantemente as nossas vidas com as suas e essa comparação nunca nos é favorável porque é feita com o que sabemos da vida dos outros, ou seja, com o que vemos nas redes sociais, ou seja, com as melhores partes das suas vidas devidamente filtradas e adocicadas. E é impossível competir com isso. Então pensei: porquê tentar? Porque é que nos torturamos a pensar que somos mais feios, mais gordos, menos inteligentes, menos viajados, menos cultos, menos saudáveis, menos normais? Não existe normal. É mito.
E sim, acredito piamente que existe todo um conjunto de factores biológicos que contribuem para esta equação. Mas esses eu não posso mudar. O que eu posso mudar é o modo como olho para mim e para os outros e é isso que vou tentar fazer. To be continued...