A infelicidade (ou a forma como reagem) diz muito do carácter das pessoas
Contra as expectativas, depois de uma manhã tranquila, ontem tive uma tarde dos diabos. Quero dizer, nem foi a tarde que foi dos diabos porque andei a apanhar sol na mona e ver o mar, eu é que estava vá, vamos dizer, impossível. Ontem, a minha dor doía-me mais que o habitual e toda a felicidade do mundo revoltava-me as entranhas. É feio mas há que admiti-lo. Cada vez que via um casalinho de mão dada, ou a namorar numa esplanada, ficava na merda! Não é inveja, porque não me faz confusão as outras pessoas estarem felizes, eu é que gostava de estar assim e não estou.
Perguntam-me "mas, então, tu não estás como queres?", ou "não foste tu quem quis assim" e eu mordo-me toda para não desatar às caneladas a alguém, digo muitas asneiras mentalmente e engulo tudo aquilo que me apetece dizer. Devia desabafar mais vezes, talvez não me sentisse assim tão... cabra, vá, mas não o faço. Acho que já nem sei como. Vou acumulando tudo e, em vez de dizer o que sinto, vou reclamando de tudo em geral, faço má cara, quase faço birra e não há quem me sossegue, mas depois passa. Principalmente, se chorar sozinha. E beber um copo de vinho tinto. E depois de dormir. Mas passa, e eu volto a erguer-me e ver que tenho muito para agradecer na vida e sou a própria a recomendar um sítio para os casalinhos namorarem, e até faço de casamenteira, se for preciso.
Mas voltando ao dia de ontem, depois de muito espernear, que não queria ir jantar fora, que queria era ficar no sossego a remoer a minha infelicidade e ter muita pena de mim, e mimimimi, fui e ainda bem. Além da companhia ser das melhores (a companhia das minhas sobrinhas devia ser-me prescrita por um médico e com obrigatoriedade de um mínimo de uma vez por semana), fiz as pazes comigo. Afinal, eu ando intragável mas não faço mal a uma mosca. Estupidifico uns bocados mas depois passa. Sou, portanto, normal. Não crio perfis de facebook falsos para perseguir umas pessoas e denegrir outras, não ligo para a atual do meu ex a chamar-lhe nomes, nem vou à bruxa para "o tratar". Sim, fiquei a saber, ontem, que isto existe na vida real e não nas novelas.
Ao pé desta gente, sou uma menina, pá. Um doce. E mais uma vez, não percebo como é que o gajo não anda a enlouquecer com a minha falta. Eu andava.