Rir e Comer Bolachas

- Não sei o que faça para jantar. Tens ideias?

- O que tens lá em casa?

- Bifes de perú, atum, costeletas...

- Faz bifes de peru com sopa de cebola e cerveja.

- Não tenho cerveja...

- Passa no super, compra duas - metes uma nos bifes e bebes a outra enquano o forno trabalha para ti.

- Hahahahahahaha

Já estive mais longe de me tornar uma velha alcoólica, sozinha e rabugenta, com a casa cheia de pêlos de cães. 

Devia ter tirado o dia de férias. Isto hoje corre tudo tão bem que, para ficar perfeito, só faltando a luz.

É daqueles dias em que sabe bem ter uma atividade física, ter para onde canalizar a energia e onde possa ficar uma horita sem pensar em nada. Depois de todo o stress descarregado, vou para casa e tiro o resto da noite só para mim. Não quero saber se a casa está limpa ou não, se tenho roupa para vestir amanhã, se há roupas do treino para lavar (esta é batota, já tratei ontem), hoje não quero saber de nada. Talvez nem jante para não ter que lavar louça. Vou só enroscar-me no sofá e deixar o sono chegar. Hoje a noite é minha e para mim.

Há segundas-feiras que mais parecem sextas...

Cheguei cheia de pica (descansei bastante no fim de semana) e comecei pelo mais difícil. Pouco ou nada adiantei, sinto-me esgotada e, se fizesse a vontade à vontade que tenho, nem metia os pézinhos no ginásio. Mas vou. Estou farta de recomeçar, seja no ginásio, ou nas caminhadas, ou na corrida (ahahaha, chamar corrida aquilo que faço é abusar!) e agora, quer apeteça, quer não, vou e pronto. Saio de casa já com saco pronto para não cair em tentação. Não tenho aulas pelas quais morra de amores mas tenho um professor preferido - um miúdo impecável, filho da melhor amiga da minha irmã, que vi crescer. Acho mesmo muito giro ser aluna dele, acho piada a acompanhar o percurso dos jovens adultos. Talvez por ser da idade das minhas sobrinhas... E é isto, ando a pagar para sair de lá feita num oito e ainda gosto. Caramba! Há-de ser só saúde a brotar deste corpo!

E não mudei torneira nenhuma. Diz que aquilo é coisa para quem sabe e vou esperar que lá vá o meu irmão. Dou-lhe até 2016, depois desisto e pago a alguém para lá ir (não é paciência, é falta de verbas). Talvez descobrisse ali a minha vocação, passaria a ganhar rios de dinheiro e seria minha patroa, tenho para mim que ficou ali um talento por descobrir mas (tinha que vir um mas) resolvi, também este fim de semana, que não me voltaria a vergar. Nem mesmo por uma torneira. Decidi que, doravante, andarei de cabeça erguida e costas direitas e, quando passar por um espelho, posso olhar à vontadinha porque gostarei do reflexo - não só por ser bonita, que sou, mas porque tenho orgulho na mulher que me tornei. E piscarei-me (tenho jeito, não tenho?) o olho, e pensarei "you go, girl".

Depois do sucesso de ter substituído o silicone da banheira há uns meses, pois que agora vou substituir a torneira do lavatório. Valha-me o youtube.

Sempre soube que estava reservada para vôos mais altos.

 Tudo do Pinterest...

Ontem meti no facebook uma daquelas imagens com frases com os seguintes dizeres:

Bonito é a pessoa que amas mandar tudo à merda para ficar contigo... Nunca tive mas deve ser bonito

Acabei por apagar, não por deixar de achar graça mas por não querer que pensem que estava a "mandar recados". Não estava. (Mas a frase não era menos certo por isso)

Daqui percebe-se duas coisas:

1- continuo a preocupar-me com aquilo que as pessoas pensam

2- tenho um sentido de humor estranho

Não era suposto ser uma frase cheia de rancor, ou drama, ou whatever, era só mesmo uma piada. Fez-me rir sozinha. Eu até acho bom sinal, ainda não perdi a capacidade de rir de mim mesma...

Nove da manhã num supermercado.

Tenho 3 coisas na mão para pagar. À minha frente uma senhora com um carrinho cheio mete, va-ga-ro-sa-men-te as compras no tapete. Olha para mim, vê 3 coisas na minha mão e volta-se, rapidamente, para a frente antes que lhe peça para passar à frente. Compras ensacadas, separadas por tipo (só faltava separar por cor, tamanho, ordem alfabética) e saca de um saco cheio de moedas de 1 e 2 euros para pagar... 58 euros!!!

Era só isto.

O meu filho queixava-se há dias (é uma coisa que faz muito) que eu não "convivo" com os pais dos colegas do futebol. Lá expliquei que, de facto, não sou muito dada a convívios assim no geral, e menos ainda em particular com pessoas que não conheço. "Se nunca falares, nunca vais conhecer...", certo, mas eu falo, cumprimento quando chego e despeço-me antes de sair, o problema é que não tenho feitio para conversa da treta, e, se o tentar, sai pior a tentativa do que o silêncio. No entanto, tenho aqui um problema - eu passo a vida a "pregar" que devemos contrariar as coisas menos boas que temos, que podemos sempre mudar os nosso comportamento... Esta coisa de educar às vezes (sempre, sempre, sempre) volta-se contra nós.  

E agora, educo pelo exemplo e vou sentir-me a pessoas mais desconfortável e desajeitada (e desinteressada em chamar nomes ao árbitro e oferecer porrada aos outros miúdos)? Ou continuo um bicho-do-mato que vai apenas ver o filho jogar (e que apregoa a mudança dos outros)? 

Pensava eu que acordar de três em três horas é que era lixado...

- Mudar os lençóis da cama e meter os mais giros e confortáveis que tiver. Assim na loucura, até sou menina para passá-los a ferro só para ver os lençóis esticadinhos...

 - Recarregar frigorífico e armários. Andar na supermercado todos os dias aborrece-me e gasta-me tempo que não tenho.

 - Mimar-me muito

É frequente quererem tirar-me de casa nesta fase. Percebo que seja com medo que fique deprimida ou triste, que me queiram fazer companhia e distrair-me, e claro que às vezes vou e gosto mas gosto muito de estar em casa. Mesmo nesta fase, não acho que seja uma coisa má - é necessário tempo para tudo, até para recolher e conversar comigo. Fazer as pazes com tudo o que se passou e reconstruir-me. Estas coisas fazem-se devagar e sozinha. 

Além do mais... é só um sábado à noite e um dia de domingo, não é que vá hibernar ou desaparecer durante semanas...