A soma de todas as coisas
Aflige-me muito a ideia de que a felicidade é algo que não se consegue atingir, que é apenas um sonho, um objectivo mas que nunca chegará a ser atingido, e que andamos na vida apenas para desfrutar de pequenos momentos, que passam e permanecem apenas na memória, até vir outro novo, que será igualmente fugaz. Eu gosto de pensar que sou feliz, que aprecio as coisas que a vida me tem dado e que, às vezes, essa felicidade atinge picos, com momentos muito bons, que se guardam como pequenos tesouros até vir um novo. Mas a felicidade está lá, implícita na rotina que me tira da cama todas as manhãs. Se podia ser mais feliz? Oh, bolas, então não podia? Podia, sim senhora. Mas não sou menos feliz por isso, apenas podia ser mais. Ou acredito que podia ser mais.
Quando ouço alguém dizer que a felicidade não existe, não consigo deixar de pensar que esse alguém deve ser muito infeliz para fazer tal afirmação. Espero estar errada.
A felicidade nada tem a ver com os dias menos bons, com arrelias que a vida traz, a felicidade é o fio condutor. É o conjunto de pessoas que nos fazem bem, é o trabalho que fazemos e pelo qual somos pagos, é deitarmo-nos na cama quentinha e afofar a almofada que é só nossa, é sentirmos água gelada do mar nos pés, são os braços que nos apertam contra o peito, é o sorriso que faz quem nos vê. Felicidade é a soma das coisas que nos fazem levantar todos os dias. E pode ser acrescentada, às vezes diminuída, mas existe, está em nós.