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Os dias passam a correr, cheios de afazeres e nada digno de registo, todos diferentes e, no entanto, todos iguais. Fins de semana iguais aos anteriores - se faz sol, lava-se e estende-se roupa, sacodem-se tapetes, faz-se almoço e jantar, bebe-se um cafezinho mais demorado e dormita-se no sofá; se chove, lava-se e estende-se roupa, que não enxuga e só estorva, sacodem-se tapetes, faz-se almoço e jantar, bebe-se um cafezinho mais demorado e dormita-se no sofá. O dinheiro, ou falta dele, não permite grandes aventuras e o cansaço dos dias pesa-me, faz-me faltar a criatividade, e muitas vezes até a vontade, de planear coisas giras sem custos.
E assim vai a vida. Nem bem nem mal, como se estivesse em pausa mas sem parar. Quero vir aqui e escrever mas dos dedos não saem palavras com interesse, eu mesma sinto que não tenho nada para dizer. De tanto calar por não ter com quem dividir, acabei por desaprender de partilhar, acho que aquilo que tenho para dizer não tem interesse suficiente que justifique fazê-lo. E assim vão os meus dias. Vazios de palavras ditas ou escritas.