O problema não sou eu, és tu!
Às vezes dou comigo a pensar que sou eu que ando mal, que é impossível eu estar certa e toda a gente estar errada. É que é muita gente. Mas também há dias, como hoje, que eu penso que não, não pode ser, deve ser qualquer coisa que anda no ar, ou na água que bebem, não sei, mas que as pessoas andam estúpidas, andam. São egoístas, pouco cívicas, pouco éticas, seja a trabalhar ou em rotinas diárias, seja com conhecidos ou desconhecidos. Dou um exemplo: esta manhã um homem (não, não é senhor) com idade suficiente para ter juízo, pergunta-me como está o meu pai. Respondo que está bem, que vai tudo de-va-ga-ri-nho, coisa própria desta nova condição e ele responde "Pois, olhe, mas ele já não vai recuperar nada, sabe? Com 73 anos já não vai. Se tivesse menos 10, talvez, agora assim, já não...". Eu nada disse mas pensei que ele tinha perdido uma excelente oportunidade de estar calado, e de fazer boa figura. Ele não queria saber como o meu pai estava, ele já sabia (na sua nada humilde sapiência), aliás, ele já sabe tudo, até sabe se ele recupera ou não...
E no trânsito? Porque raio aceleram os homens quando vêem uma mulher a fazer uma manobra perigosa? Sim, nós já o tínhamos visto, sim, estava calculado e foi por isso que, apesar de acelerarem, não houve acidente, porquê a estupidez?
E a trabalhar? Será mesmo possível que ande tudo tão descontente? Que seja aceitável não responderem a emails? Que seja razoável não cumprirem prazos porque sim. Andamos todos tããããão ocupados que nem uma chamada podemos retornar? É só gente importante, pá, gente que não se mistura com a plebe. Gente ocupadérrima, sei lá. Nem podem atender o t'fone.
Cagões. Míopes da cabeça.