Ora, então, onde é que eu ia?
Ia nos treinos, pois claro.
Não sou a Rosa Mota cá do sítio, nem a outra mais novinha que não me lembro do nome. Não tenho resistência para a coisa, mal consigo respirar e fico com dores horríveis no peito, de modo que passei a fazer caminhadas outra vez. Tipo velha. Acabada.
O peso não desce, o que não admira porque só como altamente calóricas, o que também contribui para o facto de não conseguir correr.
Sou obesa, a verdade é esta. Pesei 52 kgs até há pouco tempo mas agora sou obesa. Já me habituei ao meu peso, a roupa já está adequada ao meu corpo e acho que me esqueço, às vezes, do peso que tenho. Mas depois há aqueles dias em que vejo fotos antigas, ou encontro pessoas que não me viam há anos e não disfarçam o que pensam só com o olhar, ou o meu filho diz-me, como esta manhã, "parecias uma top model, mãe, não pareces tu agora" (sou só eu a adorar esta sensibilidade masculina??). Às vezes perguntam-me se não tenho vontade de mudar, de emagrecer. Tenho. Mas metam-me comida à frente e é ver-me esquecer. A comida substituiu o tabaco quando deixei de fumar, substituiu as conversas com as amigas quando foram à vida delas e não sentiram a minha ausência, substituiu a companhia do meu marido quando ele passou a regressar a casa apenas ao fim de semana, enfim... A vida é feita de pequenos prazeres que fui perdendo, e este prazer manteve-se, logo, agarrei-o bem. E ele agarrou-se a mim também, principalmente, nesta zona do peito (há muitos meses que não vejo os meus pés se estiver direita...) e na barriga. E no rabo. E nas pernas.
Podia ter-me dado para a droga, não era? Há que ver o lado menos mau da coisa.
Já alguém sentiu que, a dado momento, a sua vida mudou subitamente, e a partir daí foi sempre a cair?