Da depressão
Acho que já trago bagagem suficiente para dizer duas ou três coisas acerca desta doença, apesar de não ser especialista. Eu própria descubro coisas acerca dela, ou de mim, de vez em quando.
- É uma doença. Parece simples, e redundante, mas não é. A maioria das pessoas continua a pensar que é um chilique. Não é, é uma doença e tem sintomas, muitos deles fisícos, alguns doem. É uma doença que acompanha que a tem, ou quem a teve, para o resto da vida porque deixa mezelas, deixa marcas e passa a fazer parte da nossa vida, da nossa história. Até pode ser como uma cicatriz, indolor e inofensiva, mas está lá.
- É necessária força de vontade para combatê-la mas não basta querer para melhorar, ou para superar de vez. É necessária ajuda profissional. No meu caso, de psiquiatria porque com psicologia não ia lá. Não me interessa saber o que provocou, o que aconteceu, o que motivou, interessa-me tratar os sintomas, aprender a viver com eles e sentir-me uma pessoa.
- Uma pessoa triste e desmotivada pode não sofrer de depressão, talvez esteja apenas triste e desmotivada e não doente, talvez esteja a viver um período conturbado. Toda a gente tem períodos de tristeza, faz parte da vida, tanto quanto ultrapassar esse período.
E é isto. Não é uma fraqueza, não é um chilique, não é por falta de vontade, nem de inteligencia, que existe. Não vai lá com raspanetes, nem com um jantar à luz de velas, ou um dia intensivo de compras com as amigas. Não se pode meter um penso rápido e dizer que já passa.