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Rir e Comer Bolachas

Diz que é O estalo

 

Eu tenho problemas de confiança. Não consigo confiar facilmente nas pessoas, não vejo de imediato o lado bom e desconfio sempre do que me dizem. Isto até conhecer, depois de conhecer as pessoas (obviamente que não todas), afeiçoo-me e confio plenamente. Mas há certas coisas que me fazem desconfiar, que me fazem ficar de pé atrás, que me levantam os pelinhos dos braços. 

Uma amiga começou a namorar. Deu-lhe "o estalo", que é uma coisa que tem acontecido muito por estas bandas, e perdeu-se de amores por um antigo namorado que reencontrou. Até aqui tudo bem. O problema é que todos os dias ela traz uma notícia nova - algo de fabuloso, com o qual ela sonhou a vida inteira, que ele fez/disse/mostrou/comprou. Fico mesmo contente por ela mas já começo a estranhar tamanha perfeição, no seu lugar já andaria à procura do "lado lunar" como diria o Rui Veloso. Há dois tipos de pessoas em quem não consigo confiar: os perfeitinhos e os zen. Os perfeitinhos parecem que leram T-U-D-O o que devem fazer a uma mulher, e demonstram-no no menor espaço de tempo possível, ou seja, tudo ensaiado e nada sentido. Daqui a uns meses acaba o show-off, a moça está garantida e acaba ali o romance, a surpresa.. Os zen são os que não se chateiam, os que não levantam a voz, os que não perdem a pose e que, provavelmente, não sentem nada nem que lhe espetem agulhas nos olhos. Quando o sangue ferve nas veias não há cá educaçãozinha, nem modo zen que nos valha. 

Gosto de pessoas reais. Gosto de ver um defeito ou outro bastante evidente, nada dissimulado. Gosto da espontaneidade e das parvoíces que se dizem no calor do momento. Gosto que as coisas demorem tempo, não gosto de relações express. Gosto de palavras sentidas e não de frases batidas. 

Sou antiquada, não sou?

 

 

Disclaimer: Aquilo que vou escrever não é um desafio à vida ou a qualquer Entidade que governa o meu destino, que não eu. É apenas e só um desabafo, sem querer provar nada, sem dizer oh-vida-manda-me-lá-disto-para-ver-o-que-faço.

Dizer que acabou pode ser amor

Ontem tive uma conversa absurda com uma pessoa que diz amar outra. Eu só acho que ela tem problemas graves para resolver. Aquilo que ela fala não é amor, é uma doença. É perverso, é mesquinho, é doentio, é inútil, é um sofrimento atroz e não tem qualquer justificação. Descreve situações humilhantes, muitas provocadas por ela própria, e remata tudo com "mas eu gosto dele"... 

Faz-me pensar que aquelas histórias de grandes amores como Pedro e Inês talvez não sejam tão bonitas como gosto de pensar, talvez sejam só loucura. O amor não é assim. Quando passa a ser uma coisa que machuca, que humilha, que faz chorar sistematicamente, que nos impede de querer ser e fazer o outro feliz, já não é amor. É outra coisa qualquer que deve acabar.

Redes sociais e o (des)Amor

As redes sociais vieram abrir a Caixa de Pandora na vida das pessoas que estão sozinhas mas que fizeram parte de um casal. Entre muitas outras coisas que não contribuem para o bem estar das pessoas em geral, o Facebook (quem diz Facebook, diz Instagram, Twitter ou qualquer outra) ainda veio dar uma ajuda aos ex, que somos nós, na tarefa de "perseguir" a pessoa com estávamos. Perseguir não no sentido de prejudicar a vida de alguém mas de saber com quem está, o que faz, o que pensa, etc, porque há sempre um momento em que o bom-senso emigra, em que nos sentimos miseráveis e sós e vamos "chafurdar" na vida do outro, e da pessoa que está com ele(a) está. Geralmente, para descobrir que são mais felizes sem nós, que não engordaram 50 kgs nem ficaram carecas e que continuam a levar uma vida, aparentemente, normal, sem grandes calamidades - a vida continuou sem nós. Fuck.

Se por um lado não desejamos nada de mal à pessoa, também não vamos querer que fique TÃO feliz quanto aparenta, porque, lá está, nas redes sociais só aparece o que de melhor existe ou aquilo que queremos mostrar... Seguidamente, é inevitável a comparação entre nós e a vida do ex, ou a vida de quem está com o ex, se for o caso. Se o(a) novo(a) companheiro(a) for mais feio(a), ainda a coisa vai mais ou menos, se for mais bonito(a) está tudo estragado! Rios e vales de lágrimas seguem-se à perseguição. Crises de auto-estima são inevitáveis. O coração, que já estava partido, parte-se agora ainda em mais uns bocadinhos, o que torna ainda mais difícil remendar. O que fazemos depois é que distingue o tipo de pessoa que somos: alguns deixam comentários com desejos de felicidades, supostamente muito civilizados, ao estilo sou-muito-superior-a-isso-vê-bem-o-que-perdeste, outros bloqueiam a pessoa, ou fecham contas, ou deixam de seguir, e nunca mais repetem a gracinha. Porque magoa e é só estúpido.

Uma coisa é certa: com o coração partido, ninguém está imune a estas parvoíces, independentemente da idade. Como diz o marido de uma amiga minha, é o Big Brother da vida real.

Já agora, um conselho: não procurem nenhuma pessoa que não devem através de smartphone - é fácil tocar onde não se deve e enviar pedidos de amizade. É muito constrangedor. De nada.

O meu irmão apaixonou-se duas vezes em 10 anos

Não é muito, pois não? Importa dizer, no entanto, que foram ambas este ano. E de cada uma delas, foi "de caixão à cova". Não cheguei a conhecer a primeira namorada mas o rapaz andava doido, de aliança no dedo e tudo (coisa inédita para este quarentão), mas ontem já fui apresentada, formalmente, à minha cunhada nova. Ela é gira, gira, e ele está apaixonadíssimo, aliás, parecem estar os dois.

Durante pouco mais de dez anos este moço teve relações parvas (na minha opinião, porque há quem goste), sem nunca assumir coisa nenhuma e tinha sempre justificações, traumas e o camandro -ou por causa dos filhos, ou porque não queria um relacionamento sério, ou porque gostava da noite e não se queria prender, tudo servia. Encontrou sempre quem estivesse disposta a compreender os traumas, ou quem quisesse relações deste género mas agora, com a pessoa certa, ele já quer tudo a que tem direito e sem problemas nenhuns. Quase que apostava que quer casar, ter um cão e uma casa com cerca branca. Esta manhã ligou-me para perguntar o que tinha achado dela e responde de imediato "É cinco estrelas, não é?". É, sim senhor, mas nunca me tinha perguntado semelhante coisa, acho até que a minha opinião não era importante, era apenas para poder falar sobre esse assunto. Outra vez. Com voz dengosa.

E eu fiquei a sorrir sozinha, a sentir-me dividida entre uma pontinha de saudades de sentir-me a pessoa mais feliz e sortuda  do mundo e o desejo de nunca mais sentir tal coisa.

Diz que é uma espécie de amor

As histórias das pessoas são semelhantes, com enredos comuns, julgamo-nos muito diferentes mas, mais cedo ou mais tarde, todos experimentamos as mesmas sensações, os mesmos fracassos ou os mesmos sucessos, e conhecemos pessoas com quem nos identificamos mais ou menos, de resto, mais vale percebermos que somos todos iguais. Por isso é que não entendo quando me dizem que "nem toda a gente sente da mesma forma que tu" ou "nem toda a gente reage da mesma maneira". Não somos carneiros, nem seguimos em manada sem questionar o caminho mas, independentemente das diferenças na forma, o conteúdo é semelhante.

Que é como quem diz, não é importante que se conheça todas as particularidades de uma pessoa, para que se perceba o que sente, há coisas que são transversais a todas as pessoas, todas as idades, todas as circunstancias, principalmente, quando se gosta de alguém. Sem exceções.

 

CA MEDO!

Em menos de duas horas já ouvi duas histórias novelescas, a puxar para o macabro, de romances acabados - um príncipe perfeito, que se transformou em louco possessivo, e uma princesa que meteu as garras de fora para mostrar que é tudo dela, se não for dele não é de ninguém...

Uiiii.

É certo que nunca se conhece realmente alguém mas deu-me vontade de perguntar "Quanto tempo levaram a conhecer essa pessoa? Achavam mesmo que passado um mês já sabiam o suficiente para se mandarem de cabeça?"... Eu também o fiz, é certo, mas tinha idade para isso, hoje já sei que na febre da paixão é tudo maravilhoso, adrenalina e hormonas e tal mas, por baixo da rama, esconde-se o fundamental, o lado lunar como cantou Rui Veloso. Atenção às/aos solteiras/solteiros que lêem isto: não defendo que encontrem pessoas perfeitas, que não existem, mas sim, que se conheça o pior da pessoa para saber se conseguem lidar com isso ou não. Procurem o pior, a sério! Vai ensinar-vos muito mais, acerca do outro e de vós próprios também.

Copiado descaradamente de blogue alheio

Lido no blogue de Pedro Rolo Duarte. Muito bom!

No Público de ontem, que estava a ler num momento de espera, parei numa resposta de Alain de Botton a meio da excelente entrevista que lhe fez Joana Gorjão Henriques. Fiquei ali, a ler e a reler e a remoer. Jornal em papel, e eu dentro do carro a ler e a reler. Pensei: que sorte, um jornal inteiro por apenas um euro e esta resposta cujo valor não consigo atribuir. Mas é alto.

Gosto mesmo de ler jornais, e foi no Público de ontem que li (obrigado Joana, por ter feito a pergunta que resultou nesta resposta...):

 

“Pensemos no amor. As relações amorosas são difíceis. Muitas vezes nas relações amorosas damos connosco a pensar: ‘Estarei doido? O que é que se passa connosco? Será que as pessoas discutem como nós?’. A televisão não mostra este tipo de discussões, mas todos sabemos que dizemos coisas sem sentido uns aos outros – mas sentimo-nos sempre muito sós nisto. Quero que um fotógrafo moderno fotografe casais nos momentos reais da vida, quando alguém diz: ‘Vai-te lixar’, e bate com a porta. Isto acontece a pessoas muito porreiras. Quero ter numa legenda: estas duas pessoas acabaram de dizer ‘vai-te lixar” mas são muito porreiras. Isso é uma coisa que a arte nos devia ajudar a agarrar: não somos monstros por nos comportarmos de maneira infantil e em pânico. Devíamos poder ir a um museu e reconhecermo-nos, para nos darmos outra oportunidade de nos vermos a nós mesmos não como monstros. Isto é uma missão para a arte: ajudar-nos, ser uma ferramenta, ter uma função. É como uma colher ou uma bicicleta.”

Filosofia de bolso (I)

O problema da maiorias dos casamentos, ou "ajuntamentos", que conheço é falta de amor. Podemos dizer que era dinheiro, de tempo, conflito de personalidades, ou outra coisa ou tudo junto, mas não é, é falta de amor. Porque o amor não é suficiente para gerir o dinheiro, para aceitar e resolver o conflito de personalidades, não é suficiente para acreditar que vale a pena apesar dos pesares, e que qualquer outra possibilidade de vida sem o outro não é sempre pior que os problemas que existem.