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Rir e Comer Bolachas

Das indecisões

Há coisas que mudaram em mim e que atribuo à depressão que "comeu" quatro anos da minha vida. Pode até não ter sido, pode ser uma marca da passagem da idade, pode ser das aventuras e desventuras que já vivi, pode ser tudo junto - e talvez até seja. Algumas coisas mudei para melhor, como ser menos impulsiva - é muito raro seguir um impulso hoje em dia, mas em outras coisas sinto que piorei, e que me condiciona mais a vida, como esta minha indecisão. Tudo o que requer decisão exaspera-me, entro em conflito comigo mesma, fico rabugenta, começo a complicar e só vejo drama. É cansativo. Para todos.

Ao passo que antes fazia primeiro e pensava depois, agora penso, penso, penso, penso, penso, penso, penso. Antes sentia cá dentro o que queria fazer, sabia-o antes de pensar e seguia a vontade - era bastante simples. Claro que, de vez em quando, era asneira certa! Agora não sei. No fundo, no fundo, bem no fundo, só existem dúvidas.

Neste momento estou aqui a consumir-me para decidir se vou de férias ou fico em casa (de férias). "E não pensaste nisso há mais tempo?" Sim, pensei, estou a pensar há dois meses...

...

No sábado fui às urgências com a minha sobrinha mais nova e acompanhei-a sempre durante o tratamento. Estávamos nós na salinha do soro, e mais uns quantos a fazer o mesmo, quando aparece a médica que diz, em tom suficiente para qualquer um dos presentes ouvir: "Ó Joel, você tem um cálculo com 6 mms. 6 mms!!!... É por isso que tem dores. O cálculo quer sair e não consegue porque já tem um tamanhinho considerável. O que vamos fazer é ..." nesta parte da conversa eu desliguei, que eu não sou o Joel, não tenho pénis mas já estava a contraír-me na cadeira. E o Joel também, não sei se por dores se por estar envergonhadíssimo, a ser diagnosticado em frente a estranhos.

 

Vejo os médicos, quaisquer médicos, como uma espécie de deuses, de seres sobredotados, de gente diferente de comuns mortais. Fazer um diagnóstico é uma coisa com um peso e uma responsabilidade enorme - um erro de um médico pode ser fatal - nesta medida, considero que é necessária não só inteligência muito acima da média, como uma boa dose de coragem. Mas estes seres, que me merecem muito respeito, têm uma falta de sensibilidade atroz. Falta-lhes humanidade. Lá está, uma espécie de deuses. Esquecem-se que as pessoas estão frágeis quando os procuram, estão vulneráveis, estão enfraquecidos. Eu sei que precisam de manter um distanciamento para manterem a sua sanidade mental, que falam com dezenas de pacientes por dia, essas coisas todas. Mas, caramba! Estamos a falar de pessoas. Seres humanos. Vulneráveis.

 

O Joel ficou envergonhado na altura mas concerteza que já nem se lembra do episódio, não foi grave, nem foi uma coisa mal intencionada mas há situações graves (e, sim, já vivi algumas) em que a sensibilidade, ou o mínimo de bom senso, teria feito toda a diferença. Os médicos deviam experimentar uma ida às urgencias, como cidadãos anónimos, ao estilo cliente mistério, para perceberem.

Quem sai aos seus...

Liguei várias vezes ao meu filho para avisar que me esqueci do telemóvel em casa, não fosse ele ligar e ficar à espera que eu retornasse a chamada como é habitual. Nunca atendeu. Estranhei e liguei ao pai - esqueceu-se do telemóvel em casa... Eu devia ralhar e pedir para ter mais cuidado, devia, mas... e legitimidade?

Coisas que aprendi com a dieta dos 31 dias#2

- Como muito mais do que pensava (e não consegui domesticar-me nas quantidades)

 

- As noites são um suplício: deito-me muito tarde e não largo o frigorífico- ora marcham saladas ou fatias de fiambre, queijo, presunto, ou o que houver

 

- Foi muito fácil deixar de comer arroz, massa ou babatas, ou melhor, é difícil resisitir porque sou gulosa mas não sinto fome no verdadeira sentido da palavra

 

-  130 dias depois de ter começado esta dieta não penso em parar MAS não faço ideia em que fase da dieta me encontro: tento fazer a 1 mas a fruta abunda em casa dos meus pais e acabo sempre por comer (não vamos deixar estragar, certo?), da mesma forma que como sopa uma ou duas vezes por semana e uma vez por outra como umas colheres de arroz.

 

- 130 depois acho que aprendi a manter. Só é pena ter ainda uns quantos para perder...

...

Estão a ver aquela gaguez e hesitações de quem está a mentir? Ando assim mas não estou a mentir. Não sei que fenómeno é este mas é preocupante...

 

É comum, no local de trabalho, perguntarem-me como funcionam as coisas, quais são os procedimentos, os passos a seguir, e eu respondo, convicta do que estou a dizer, mas de forma que diz exatamente o oposto! Quanto mais me ouço mais me apercebo e tento corrigir e olha... é aquilo que se costuma dizer, "quanto mais falas, mais te afundas"!

 

Mas o que raio se passa comigo??

Coisas parvas que me apetece escrever, sem ligação entre si, e que nunco escrevo por falta de enquadramento#3

- A pré-adolescência do meu gajo de 11 anos está a dar-me cabo dos nervos. Parece que a adolescência vai ser pior, isto é só um prelúdio. Me-do.

 

- Provei a Sagres Radler e gostei bastante. Eu, que nem ligo muito a cerveja, dou por mim a procurar no supermercado por latas de Sagres e está esgotado... Será que está porque o pessoal bebe muito ou ninguém liga a isto e deixaram de vender?

 

- Levo a vida tão a sério e tão pouco descontraída que tenho necessidade de apanhar uma bebedeira para descomprimir.

 

- Já não me lembro com que idade o meu filho começou a falar, ou a andar, e coisas do género. Pensava que era normal até ouvir várias mães a debitar estes acontecimentos dos filhos, com memórias vincadas e data exatas, agora sinto-me só uma péssima mãe.

 

Arrependimentos

Toda a gente diz que não se arrepende nada do que fez ao longo da vida, porque ah e tal, serviu de aprendizagem e que fariam tudo igual. Hãhã.

Pois eu cá, arrependo-me de imensas coisas que fiz, atitudes que provoquei, palavras que disse. E se pudesse apagava grande parte.

 

Mas como não é possivel, tento que me sirva de lição e aprenda qualquer coisita, mas infelizmente essa capacidade não me foi dada à nascença e há erros que cometo uma vezes sem conta. E outros que não. Que foram tão grandes que ficaram gravados e dificilmente serão repetidos (era capaz de dizer impossivel, mas é capaz de ser muito forte!)

Assim como as pessoas: há pessoas a quem dou segundas e muitas vezes terceiras e quartas oportunidades, quando não mereciam passar da primeira, e depois há outras a quem fecho a porta definitivamente. Mas quando a fecho, faço-o sem rancor. A sério, é como se a pessoa tivesse morrido.

 

(Não serve de desculpa para post parvos, mas hoje aqui nesta bela Vila onde trabalho, está um cheiro nauseabundo, que nos impede de respirar como deve ser, ninguem sabe a causa, mas fala-se de descargas quimicas no rio. E acho que me afetou o Tico e o Teco, só me apetece falar à parva...)

Muita cautela e canja de galinha

Há dias, em conversa com a minha irmã, descobri que padecemos de um mesmo mal. Deve ser algum gene doido que temos embutido, que dispara vários alarmes quando estamos temos que decidir se deixamos ou não os filhos irem a algum lado.

Há muitos anos houve um passeio organizado pela minha escola e houve uma mãe que não deixou a filha ir, por medo de "acontecer alguma coisa". A filha não foi e , a caminho da escola, nesse mesmo dia, teve um acidente macabro e morreu. Não se falava de outra coisa. E nunca mais consegui esquecer isto.

Quando tenho que decidir se deixo ou não deixo ir, acabo sempre por deixar. Ainda há poucos dias decidi que abdico de uma semana de férias com o meu filho porque o pai tem a mesma semana e queriam estar um com o outro. Não tinha vontade nenhuma, porque o pai decidiu em cima da hora, porque é tempo de qualidade que perco, por vários motivos mas decidi deixar, porque ambos queriam e porque me lembrei desta história. Como ele está a crescer esta história tem-se repetido imensas vezes e eu dou comigo a pensar se não será demasiada cautela (e canja de galinha)...

Socorro! Sou mãe de jovens adultas e...

Não sei brincar a isto, é só o que tenho para dizer.

 

Não sei "deixar o coração ao largo", como me aconselham.

Não sei fingir que sou a mãe "ultra-moderna-que-acha-tudo-normal".

Não sou capaz de aproveitar um domingo descontraído se as minhas filhas estiverem a mais de 10 km de distancia.

Não sou capaz de ficar simplesmente a vê-las "cair" (porque isso é crescer e não podemos fazer nada!) sem ter a tentação de ir a correr, "amortecer-lhes a queda"

E sinto que estou a falhar redondamente como mãe, quando sinto que elas estão a sofrer e que precisam de ajuda e eu não as consigo (nem sei) ajudar...

Quando ter razão é uma treta

Hoje vou fazer uma coisa que acho estar certa e é a coisa errada para se fazer. É aquilo que acho justo, que é coerente e, no entanto, é o contrário de aquilo que quero para mim.

Por outras palavras, às vezes não gosto do feitio que tenho. Há certas alturas em que não quero perdoar, em que me agarro ao rancor, à mágoa e não consigo ultrapassar. Por achar que tenho razão.

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